Nunca façam planos com um Moçambicano

Ontem convidaram-me para conhecer Muxungue, a cidade mais próxima de Mangunde que fica a cerca de 45km. Fiquei entusiasmada por sair um pouco da missão, ir à cidade!! Conhecer um novo sítio que seria mais movimentado, com mais coisas para ver.
A viagem foi feita mais uma vez numa carrinha de caixa aberta mas nos primeiros quilómetros, e para piorar toda a situação que descrevi na quinta-feira, estávamos cerca de 40 pessoas na carrinha! Foi horrível!! Não sabia onde me amarrar, não tinha sítio onde pôr os pés (fui o caminho todo nas pontas dos pés e quando tentava pousá-los um pouco pisava pessoas), com o movimento começávamos todos a cair uns por cima de outros, nas subidas tínhamos de sair da carrinha porque não aguentava tanto peso. Foram os 25 km mais longos da minha vida!
Os meus colegas diziam que era uma aventura. Eu respondia que parecia mais uma tortura!

Chegados a Muxungue fiquei surpresa porque a "cidade" não era como imaginava. Era pequena, com muito poucas coisas para ver. Mas ao menos tinha rede!! (Bendita Internet que tanta falta fazes 😂).




 A primeira coisa que me chamou a atenção foi a quantidade de ananás que era vendida na berma da estrada (não resisti e comprei para trazer para casa e devo dizer que foi o melhor ananás que alguma vez provei!).

Fomos à feira, passeamos e almoçamos por lá. No fim de almoçarmos esperamos pelo motorista e até aqui tudo corria bem mas depois as coisas descambaram. Porquê? Porque estivemos sentados à espera das 13h às 18h! Eu já estava a desesperar! Estava tanto calor, poeira, moscas e mosquitos que se colavam no suor da minha pele. Toda eu era comichões! Ligávamos para ver quanto tempo ainda demorava e desde as 14h da tarde o senhor motorista estava "a chegar". Percebi que os Moçambicanos quando ouvem "no final  do almoço" entendem "a qualquer hora à tarde", quando dizem "estou a 30 minutos" ainda não sairam de casa.
Para mim, esta tarde foi um desespero! Mas o mais chocante foi ver que eu era a única saturada com a situação. As outras pessoas que foram comigo estavam tranquilas. Para elas esta falta de cumorimento de horário era normal, diziam que "as horas passam muito rápido" quando para mim cada minuto de espera naquelas condições foi uma provação.
A viagem de regresso foi já feita à noite e o banho quando cheguei a casa foi o melhor que já tomei! Nunca esta água fria, à qual tantas pragas rogo, me soube tão bem!
Aprendi ontem, e da pior forma, a não fazer planos com um Moçambicano!!



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