Carrossel de sentimentos
Hoje de manhã declaramos pela primeira vez na minha vida uma morte. A senhora idosa, abandonada pela família, acusada de feitiçaria deu entrada no internamento hoje já sem vida. Dizia a vizinha que há uma semana vomitou sangue e ninguém a trouxe ao hospital desde então até hoje.
Quando chegou já não tinha pulso, não respirava, as pupilas não eram reativas. Declaramos a morte.
Fiquei muito triste por a senhora ter morrido sozinha, sem ninguém. Não estava lá uma única pessoa que se preocupasse com ela, que chorasse quando ouvisse as palavras "ela faleceu". E pensei em todos os idosos abandonados e renegados pelas famílias, não só em Moçambique mas em todo o mundo. Ouvimos muitas vezes em Portugal "idoso encontrado morto em casa há X dias".
O que se passa com o mundo que não consegue ver os mais velhos como seres dignos de amor e carinho? O que se passa com o mundo para ver os mais velhos como fonte de trabalho e preocupações? Será que não nos lembramos que nós também havemos um dia de ser idosos?
Depois fui visitar a comunidade de Djambe. A minha auto-estima oscilou muito ao longo desta tarde isto porque, ora era pedida em casamento (7 pessoas pediram-me em casamento hoje), ora me chamavam de gorda (um senhor ao dar-me um aperto de mão tece o seguinte comentário " ei lá! Tamos bem de saúde! Bem gorda!", Entre outros comentários do género). Percebi então que as coisas estavam relacionadas:
A visita correu bem. A viagem foi feita numa bicicleta (eu não ia a conduzir uma bicicleta! Eu ia no atrelado da bicicleta! Foi uma viagem interessante 😂).
Tivemos de atravessar o rio Buzi de barco ("tem muitos crocodilos por isso não dá para atravessar a pé" disse-me o senhor que me acompanhava na visita).
Foi muito bom partilhar estes pequenos momentos com estas pessoas que estão afastadas de tudo e não têm possibilidades monetárias ou de saúde para se deslocarem para além da sua comunidade. Sempre que me agradeciam pela visita, eu sentia que eu é que devia agradecer todo o acolhimento e a partilha de vida que vivemos. Sempre que me abraçavam, sentia uma vontade imensa de sorrir e de continuar estas visitas.
(Ah! E aprendi a dizer obrigada = tabonga e boa tarde = micaratiri em Hindau! 😂)
Quando chegou já não tinha pulso, não respirava, as pupilas não eram reativas. Declaramos a morte.
Fiquei muito triste por a senhora ter morrido sozinha, sem ninguém. Não estava lá uma única pessoa que se preocupasse com ela, que chorasse quando ouvisse as palavras "ela faleceu". E pensei em todos os idosos abandonados e renegados pelas famílias, não só em Moçambique mas em todo o mundo. Ouvimos muitas vezes em Portugal "idoso encontrado morto em casa há X dias".
O que se passa com o mundo que não consegue ver os mais velhos como seres dignos de amor e carinho? O que se passa com o mundo para ver os mais velhos como fonte de trabalho e preocupações? Será que não nos lembramos que nós também havemos um dia de ser idosos?
Depois fui visitar a comunidade de Djambe. A minha auto-estima oscilou muito ao longo desta tarde isto porque, ora era pedida em casamento (7 pessoas pediram-me em casamento hoje), ora me chamavam de gorda (um senhor ao dar-me um aperto de mão tece o seguinte comentário " ei lá! Tamos bem de saúde! Bem gorda!", Entre outros comentários do género). Percebi então que as coisas estavam relacionadas:
gordura = Dinheiro = bom casamento
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(Eu na parte de tras 😂) |
Tivemos de atravessar o rio Buzi de barco ("tem muitos crocodilos por isso não dá para atravessar a pé" disse-me o senhor que me acompanhava na visita).
Foi muito bom partilhar estes pequenos momentos com estas pessoas que estão afastadas de tudo e não têm possibilidades monetárias ou de saúde para se deslocarem para além da sua comunidade. Sempre que me agradeciam pela visita, eu sentia que eu é que devia agradecer todo o acolhimento e a partilha de vida que vivemos. Sempre que me abraçavam, sentia uma vontade imensa de sorrir e de continuar estas visitas.
(Ah! E aprendi a dizer obrigada = tabonga e boa tarde = micaratiri em Hindau! 😂)
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